Rodeada de água, uma ilha dentro da Ilha, a freguesia mais jovem do concelho de Santana assinalou, esta sexta-feira, a passagem de mais um aniversário. Já adulta, com 22 anos, a freguesia continua voltada para a agricultura, e a perder população. Apesar da autarquia local oferecer 500 euros a cada criança que nasça na freguesia, a natalidade tem sido praticamente nula nos últimos anos. Só existem 32 habitantes com menos de 18 anos.
A Ilha é a mais jovem das freguesias do concelho e foi criada em 1989 por decreto do Governo Regional da Madeira. Desanexou-se da freguesia de São Jorge e aventurou-se nos seus 15 quilómetros quadrados de área. O seu topónimo advém da sua configuração topográfica, visto ser rodeada por duas ribeiras que se unem num só ponto.
Na Ilha existiu, em tempos, uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, construída no último quartel do século XVIII, tendo sido edificada no decorrer do mesmo século uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário no sítio da Ermida.
Com a destruição desta, foi construída por volta de 1960 a actual igreja matriz com o mesmo orago. A Paróquia está a assinalar este ano os 50 anos da sua fundação.
A Ilha é constituída por um aglomerado de casas, algumas das quais implantadas em pequenas planuras como sejam o centro da Freguesia, onde está a Igreja e onde se estabeleceu também algum comércio. Do outro lado, atravessando um túnel, a Achada do Marques, uma planura com muitas particularidades. É neste sítio que está a ser preparado um projecto turístico, desde há alguns anos a esta parte, de forma a recuperar os palheiros ali existentes e potenciar pequenas unidades de turismo rural.
Na vertente económica, a agricultura ocupa a maioria da população activa. Esta é uma das principais actividades profissionais dos seus residentes, hoje de uma forma menos acentuada, mas que continua a ser uma realidade na Ilha.Uma terra que para além de ser predominantemente agrícola tem um espaço cultural reservado ao artesanato e, especialmente, ao cultivo do linho e à sua transformação. O limão, por sua vez, é uma das mais importantes produções desta freguesia, o crescente aumento dos produtores deste produto e todas as campanhas a que tem sido sujeito, nomeadamente através da Exposição Regional do Limão, tornaram este fruto um produto de referência desta localidade. Por outro lado, a produção do linho espelha a multifacetada criatividade, rica de devoções simples, uma sabedoria que é fruto da experiência, de um saber transmitido por gerações anteriores.
Apesar de ter sido fundada a 15 de Abril, a Junta de Freguesia adiou para hoje as comemorações deste aniversário. Pelas 14 horas, terá lugar na sede da Junta de Freguesia a sessão solene, onde serão assinados protocolos, homenageada a primeira presidente da freguesia, Jerónima de Carvalho, e recompensadas monetariamente os 32 jovens da freguesia com menos de 18 anos.
Presidente da Junta há mais de uma década e meia, Manuel João Jesus lamenta que a Ilha esteja “a ficar desertificada» e nem os 500 euros por nascimento faz inverter a tendência.
Quanto às obras, o presidente diz que as principais estão feitas, agora é mantê-las, apesar de ainda estar a ser construída uma estrada na Cova das Moleiras, circundante ao centro da freguesia, que será muito importante para a freguesia, «até para os dias festivos».
A finalizar, o presidente da Junta apelou à população para regressar à terra, de forma a obter algum rendimento e fazer face às dificuldades económicas que aí vêm”. (Jornal Madeira)
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