A exportação de Vinho da Madeira para os Estados Unidos duplicou até maio, recuperando de dois anos sucessivos de quebras, disse Paula Cabaço, presidente do Instituto do Vinho da Madeira (IVBAM).
"O primeiro semestre está a ser muito positivo, com aumento muito significativo nas exportações, o que mostra a apetência do mercado e o nosso esforço na promoção", disse Paula Cabaço, em Nova Iorque.
A presidente do IVBAM falava à margem de uma prova de vinhos na cidade norte-americana, por onde passaram cerca de 100 convidados, sobretudo importadores, distribuidores e alguma imprensa especializada.
A prova foi antecedida de um seminário dirigido a "prescritores" do mercado, sobre as características do Vinho da Madeira.
Para quinta feira, estão planeadas acções semelhantes em São Francisco, na Costa Oeste.
"Este mercado é estratégico para nós, não só pelo volume de vendas, como pelas ligações históricas e comerciais que temos e que achamos que podemos potenciar", disse Paula Cabaço.
"É um dos mercados onde o preço de venda por litro é mais elevado, o que mostra o gosto e apetência pelo produto", adianta.
No segundo maior mercado para o Vinho da Madeira fora da União Europeia, depois do Japão, o volume de negócios caiu de perto de um milhão de euros em 2007 para 800 mil euros no ano passado, fruto da crise vivida nos Estados Unidos.
"Temos esperança de voltar este ano aos valores do passado", afirma Paula Cabaço.
As ligações do Vinho da Madeira ao mercado norte-americano são antigas, remontando ao século XVIII, e também marcantes: depois de assinada a declaração de independência, foi com um cálice de Madeira que os "pais" da nação norte-americana, como Thomas Jefferson, brindaram, segundo os historiadores.
Bartholomew Broadbent, um importador e historiador da presença do Vinho da Madeira nos Estados Unidos, propôs que esta se tornasse a bebida oficial das comemorações do Dia da Independência, a 4 de Julho. "Há 200 anos, [Madeira] era o vinho mais importante neste país", disse à Lusa Emanuel Berk, presidente da Rare Wine Company, empresa que importa e promove os vinhos Barbeitos e Oliveira´s nos Estados Unidos.
"A ligação com a história americana ajuda muito. Há vinhos baptizados com nome de cidades americanas para tornar mais forte ligação histórica", adianta.
Fruto dessa ligação histórica, os tipos de Madeira mais apreciados são os envelhecidos, que "melhor representam o carácter do vinho", mas os estilos secos também têm vindo a ganhar popularidade, com a diversificação dos momentos de consumo.
"Há alguns anos, as pessoas pensavam no Madeira como um vinho de sobremesas, agora vêem-no também como um aperitivo, para ser experimentado com diferentes pratos. São novos tipos de consumo", disse à Lusa.
Ligado à promoção de Madeira desde 1989, afirma que "os primeiros dez anos foram muito, muito difíceis", mas que a introdução de novos vinhos específicos para o mercado americano, a partir de 2002, veio dar novo alento.
O interesse da imprensa especializada é hoje "maior do que em qualquer outra altura no passado", e também restaurantes e escanções têm vindo a experimentar com a "versatilidade" do Madeira.
"As vendas estão a aumentar especialmente em grandes mercados como Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles. São também os mais sofisticados, onde as pessoas estão a tornar-se mais educadas em relação ao vinho", adianta Berk.
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