Quatro dias depois de o fogo ter queimado quase toda a vegetação da cordilheira central, e destruído cinco anos de trabalho de muitos voluntários que acreditaram no retorno da biodiversidade ao pequeno planalto localizado no rebordo oriental do maciço encimado pelo Pico do Areeiro (Madeira), o cenário é desolador.
Em toda a cordilheira central, até quase perder de vista, tudo está negro com excepção da esfera branca do radar.
As fotografias mostram como a "malvadez de alguns seres desumanos ajudada pela inexistência duma cultura de prevenção podem, em poucas horas, provocar graves rupturas nos ecossistemas desta pequena ilha e aumentar significativamente o risco duma cidade rasgada por três ribeiras", como descreve Raimundo Quintal, investigador e fundador da Associação Migos do Parque.
Seis meses após as cheias repentinas e mortíferas de 20 de Fevereiro, "a Ilha da Madeira ficou ecologicamente muito mais pobre e com um futuro económico sombrio, não porque a Natureza tenha sido madrasta mas, bem pelo contrário, porque foi cobardemente queimada"; sublinha o ambientalista.
Para Raimundo Quintal, depois dos incêndios florestais dos dias 13 e 14 deste mês, "não se poderão continuar a cometer os mesmos erros e a eleger o clima como bode expiatório".
"É tempo de debater sem complexos "A Protecção Civil e a Gestão das Florestas", reiterou este especialista em questões ambientais.
Aos responsáveis políticos desta Região, "e especialmente a quem arrogantemente cultivou o discurso do domínio da Natureza", Raimundo Quintal ex-vereador independente com a pasta do ambiente na Câmara Muncipal do Funchal (PSD) deixa uma mensagem de Francis Bacon (1561-1626): "Só se pode vencer a Natureza obedecendo-lhe".(DN)
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