segunda-feira, 8 de novembro de 2010

30,4 milhões 'a arder' levam 'Golden Age' a abrir falência

Os sócios e os 35 trabalhadores foram informados da diligência da administração

O investimento foi chorudo. A ideia foi importada e partiu de alguns médicos que quiseram criar uma residência de luxo para acautelar a velhice. São 136 apartamentos de luxo, na cosmopolita Rua do Cabrestante, Ponta da Cruz, com unidades físicas de apoio adaptadas a uma população sénior e com dificuldades de locomoção. Foi assim que nasceu o 'Golden Age Residence', uma estrutura geriátrica de luxo na zona turística do Funchal.


Mas, poucos anos volvidos, o investimento parece ter ruído. Após o romantismo inicial da 'casa do médico', a realidade é um investimento financiado pela banca e pelos 56 sócios que entra agora na insolvência porque a empresa não tem forma de cumprir os compromissos que assumiu. O pedido de insolvência foi requerido pela própria administração, na salvaguarda do interesse da própria sociedade. "Esta administração limitou-se a cumprir o dever que a lei lhe impõe e pedir a insolvência. Não foi mais do que isso", disse a administradora Isabel Freitas.


De nada valeram as entradas e saídas de administradores e as tentativas de viabilizar o idealizado lar de terceira idade convertido numa unidade hoteleira de quatro estrelas.


A 3 de Novembro último entrou no Tribunal Judicial do Funchal o processo de insolvência. O valor da acção é de 30,4 milhões de euros estando indicados 30 credores. Entre os principais credores estão a sociedade de capitais de risco 'ECS'; a empresa construtora do imóvel 'Mota-Engil'; mas também o Centro do Coração; o Grupo Sousa; e vários médicos da nossa praça.


Aberto o processo de insolvência será posteriormente marcada uma assembleia de credores para, ao abrigo do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE), discutir da viabilidade da empresa.


Recorde-se que foram ensaiadas várias soluções para 'salvar' a empresa desde a hipótese de injecção de capital por parte da banca, redefinição do conceito e do objecto inicial de negócio, até à eventual compra da empresa por um fundo norte-americano depois do hotel ter sido posto à venda.


O hotel continua de portas abertas porque há compromissos para com operadores que urge manter.


A par do processo de insolvência, conforme já noticiou o DIÁRIO a 21 de Outubro, corre termos no Tribunal de Vara Mista do Funchal o processo judicial cível em que a empresa de construção civil 'Mota-Engil' reclama da unidade hoteleira 'Madeira Golden Age Residence' uma dívida superior a 1,5 milhões de euros (incluindo juros).


Em causa está a construção do '4 estrelas' pela 'Mota-Engil' pelo valor de 20,5 milhões de euros. Contrato iniciado em Maio de 2005 e terminado em Janeiro de 2007.


Também corre termos a acção executiva requerida em Maio de 2010 pelo banco financiador (BPI) com quem foram ensaiadas acordos que não surtiram efeitos. As garantias hipotecárias foram accionadas.


Vai continuar aberto


Contactada pelo DIÁRIO, a administradora Isabel Freitas disse que o futuro do hotel está nas mãos do tribunal, da assembleia de credores e do administrador de insolvências. Garantiu que o hotel vai continuar de portas abertas a receber clientes enquanto decorrer o processo e acredita que se houver investimento o hotel é viável porque tem activos e clientes. O que falhou? O investimento exagerado para o fim em vista. A conjuntura económica nacional e internacional não ajuda. Isabel Freitas disse que os ordenados estão em dia assim como as prestações à Segurança Social e a administração faz questão disso.


(DN Madeira)

Sem comentários: