domingo, 11 de novembro de 2012

'Madeira Wine Company' leva vinhos à mostra internacional de Montréal

Empresa quer incrementar visibilidade das suas marcas no mercado canadiano

De armas e bagagens, 40 vitivinicultores portugueses vieram a Montreal, no Canadá, para participar na grande mostra internacional de vinhos 'Grande Dégustation de Montréal', que este ano escolheu Portugal como país em destaque.

Quase sempre ausentes em certames de vinho no Canadá, os vinhos da Madeira marcaram presença desta feita, através da empresa 'Madeira Wine Company'.

Ricardo Tavares, director de vendas da empresa que engloba as marcas 'Blandy's', 'Cossart Gordon', 'Leacoks' e 'Miles' referiu ser impossível comparar o peso da presença internacional dos vinhos do Porto e dos Madeira.

Por "cada cem garrafas de Porto vendidas, o Madeira só vende 0,7%, nem chega a uma garrafa”, disse o director de vendas.

Por isso, quer dar visibilidade aos 'Madeiras', mas é muito selectivo na colocação de produtos. Num exemplo, um dos poucos 'Blandy's' disponíveis no Quebeque, o 'Malvasia de dez anos', custa 51 dólares.

Por outro lado, a comitiva portuguesa, liderada por presidentes das empresas produtoras, põe à prova 250 vinhos nacionais de 11 regiões, incluindo 'Portos' e os já referidos 'Madeiras'.

No recinto da feira de três dias, que termina hoje à noite no Palácio dos Congressos da cidade, os vinhos portugueses não passam indiferentes a ninguém, ocupando um sexto da zona das bancas de vinhos.

"A escolha de Portugal como país convidado de honra da 'Grande Dégustation de Montréal' é uma oportunidade única para os vinhos portugueses, pois este é o único salão que permite fazer negócios directamente", salientou à Lusa, Carlos Ferreira, o restaurador português de maior sucesso em Montreal e porta-voz da presença portuguesa neste evento.

"Aqui está representado o melhor vinho de Portugal", considerou, preconizando que os vinhos portugueses se devem dirigir a um nicho onde tem mais hipóteses de êxito, "o da média-alta" e devem competir com base na relação preço-qualidade, que é excelente".

Para Miguel Nora, gestor da ViniPortugal, num mercado muito competitivo de vinhos como o canadiano, a estratégia para o êxito português tem de passar pelo "posicionamento em termos de qualidade, pelas castas próprias, pela ligação à gastronomia, e pelo preço-qualidade", apontou.

Embora apetecível, o mercado canadiano apresenta características que dificultam a entrada de vinhos estrangeiros, desde logo por muitas províncias sujeitarem a venda de bebidas alcoólicas a monopólio governamental, como é o caso de Ontário, Montreal e Columbia, impondo rigorosas restrições legais e elevadas taxas de imposto com efeito imediato nos preços de venda ao público.

Presente na mostra, o produtor Esporão, há 12 anos a vender para o Canadá, realçou como a diferença de impostos sobre o vinho em várias províncias faz variar o preço, dando como exemplo, o vinho 'Alandra Tinto', de 7,6, 9,5 dólares e 12,5 dólares canadianos.

João Roquette, administrador delegado do grupo Esporão, enunciou que o objectivo para o Canadá é expandir, pretendendo listar em breve o 'Defesa' tinto.

Os monopólios de venda no sector também dificultam a entrada nos mercados, devido à imposição de regras selectivas.

Que o diga a Casa Agrícola Alexandre Relvas, do Redondo, no Alentejo, que, embora tenha já dois vinhos em exportação privada, desde há três anos pretende obter licenciamentos para os vinhos 'Ciconia' e 'Montinho' no Quebeque.

"Concorremos aos concursos, mas ainda não conseguimos", frisou Alexandre Relvas, sabendo que, entre outras condições, só o lançamento de cada vinho implica um pagamento inicial de 200 mil dólares (157 mil euros).

"O Quebeque é um mercado muito exigente, muito profissional e muito seguro", resumiu Victor Damião, presidente da direcção da Adega Cooperativa de Cantanhede, sobre esta região que é o seu principal importador estrangeiro e onde busca crescente presença.

Também boa conhecedora deste mercado, a empresa Poças tendo aumentado as exportações dos vinhos de mesa, indicou Pedro Poças Pintão, director comercial, mas constatou a quebra genérica nos Vinhos do Porto verificada nos últimos anos.

Iniciada na quinta-feira, a 'Grande Dégustation de Montréal', destinada a profissionais e ao público em geral, encerra esta noite.

Após Montreal, metade da delegação portuguesa dirige-se para outro evento no Canadá, o 'Gourmet, food and wine Expo', que abre no dia 15 em Toronto.DN Madeira

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