terça-feira, 19 de outubro de 2010

Só 30% dos alunos portugueses conclui 12 anos de escolaridade



Apenas 30% dos alunos portugueses concluem os 12 anos de escolaridade, segundo dados revelados hoje por Joaquim Azevedo, professor da Universidade Católica e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).


Citando dados do mais recente relatório do CNE, que será divulgado na quinta-feira, o investigador adiantou que a cada 109 mil alunos que entram no primeiro ano de escolaridade em Portugal só 32 mil chegam ao 12.º ano.


Numa intervenção na conferência 'A Escola de Hoje', em Lisboa, o presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP) defendeu a real autonomia das escolas como o caminho para melhorar o ensino em Portugal e evitar o abandono escolar precoce.


O professor e investigador lembrou que a autonomia das escolas já foi "decretada" em Portugal quatro vezes, em 1989, 1992, 1998 e 2002 e que, apesar disso, "tem sido difícil construir um ambiente de autonomia e de liberdade".


Contestando a "infindável produção legislativa" na área da educação, o responsável da Universidade Católica propôs a suspensão de toda a legislação durante cinco anos, ficando as escolas obrigadas apenas a ter planos anuais de melhoria gradual.


"Cada escola estabeleceria planos anuais próprios, assentes em diagnósticos locais, identificando pequenos passos a melhorar que seriam contratualizados com o Ministério da Educação", especificou o também conselheiro do CNE.


Joaquim Azevedo propôs ainda "que se desfaça toda a máquina da educação actualmente existente", criando agências de apoio às escolas.


Estas agências teriam como missão apoiar as escolas nas suas dificuldades concretas e garantir a igualdade de oportunidades.


A par destas agências, a Inspecção geral da Educação deveria ter uma acção mais ampla, verificando os progressos obtidos pelas escolas.


Para o especialista em ciências da educação e antigo secretário de Estado da Educação de Cavaco Silva, "as escolas têm sido infantilmente tratadas pela administração central", que mostra não confiar nos estabelecimentos de ensino.


"A liberdade tem de conduzir à autonomia real de cada escola e à livre escolha por parte de cada família", defendeu Joaquim Azevedo, contestando também a confusão que se tem feito em relação ao papel da escola na sociedade.


Aliás, o professor e investigador considera que um dos problemas da educação em Portugal é um problema político e de confusão entre os vários actores sociais, transformando os vários problemas sociais em problemas escolares.


"A escola não é o substituto da família. O lugar dos pais em termos educativos é em casa, não na escola. E as escolas não existem para fazer educação sexual ou rodoviária. A escola pública está a ser acantonada na escola da ocupação social dos meninos e a escola privada é a escola da educação e da aprendizagem", criticou.


(DN Madeira)

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