sexta-feira, 20 de maio de 2011

Produtores de leite apelam a boicote nas eleições

Pequenos Produtores de leite do oeste não recebem há três meses

Agastados com os sucessivos atrasos nos pagamentos, os produtores de leite do oeste da Madeira apelam ao boicote nas eleições legislativas nacionais de 5 de Junho.
Os produtores fazem um ultimato à União das Cooperativas Agrícolas de Lacticínios e dos Produtores de Leite da Ilha da Madeira (UCALPLIM) para que, até às eleições, regularize a situação caso contrário não vão às urnas e apelam a outros cidadãos que sigam o exemplo.

Os produtores estão há três meses sem receber. A última transferência bancária foi em Janeiro. São pequenos agricultores que fornecem leite à UCALPLIM e que se batem com dificuldades para pagar encargos mensais.

O problema da falta de pagamento atempado é recorrente e não há forma de sanear a dívida e pôr os pagamentos em dia. A verba global mensal a transferir até não é significativa (ronda os 6 a 7 mil euros). Mas o dinheiro é, para muitos produtores, o único rendimento fixo mensal que ainda possuem, complementado com outras ajudas pontuais aos agricultores (prémios).

Na zona Oeste não chegam às quatro dezenas os produtores que, tendo duas a três cabeças de vacas leiteiras, entregam diariamente entre 20 a 30 litros às carrinhas da cooperativa que percorrem os labirínticos caminhos agrícolas. As explorações de leite que ainda existem são de pequena dimensão ('palheiros'), com uma, duas ou três cabeças de gado no máximo.

A UCALPLIM é a entidade que presta o serviço de recolha do leite junto dos produtores mediante contratos-programa com o Governo Regional (GR). Só que o dinheiro do GR e consequente transferência para os produtores depende de certas burocracias.
Segundo contou ao DIÁRIO um produtor do Oeste o fornecimento de leite à cooperativa (0,45 cêntimos/litro) já não é grande coisa e os atrasos ainda agonizam mais os produtores.

São situações como estas que levam os produtores a abandonar a actividade e que se aumenta a dependência face ao leite que vem do exterior da Madeira.
A par do atraso no pagamento do leite, uma outra situação contribui para que os produtores andem descontentes e juntem ao rol de apelo à abstenção a 5 de Junho. É que, o Governo Regional aumentou recentemente o preço do transporte de reses para abate no matadouro. O aumento não é muito grande mas qualquer cêntimo faz falta a quem tem poucos rendimentos.

DN Madeira

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