sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Jardim diz que dívida de 5 mil milhões é “coisinha de nada”

Com a agência de notação Moody’s a dar uma facada no rating de longo prazo da Madeira, passando o arquipélago de nível B1 para B3 devido aos problemas na gestão do executivo e à "fraca execução orçamental" insular, Alberto João Jardim não perdia forças durante a noite de ontem para lançar novas acusações de conspiração do Continente contra o seu trabalho. Admitindo que a dívida deve chegar aos 5 mil milhões de euros, “uma coisinha de nada”, Jardim deixou ainda críticas a Cavaco Silva por não ter protegido a região.

Ao final da noite desta quinta-feira era sabido que a Moody´s decidia cortar o 'rating' de longo prazo da Madeira do nível B1 para o nível B3. A justificação prendia-se com a “má governanção” do arquipélago e fraca execução orçamental, o que mantém em perspetiva um novo corte do rating da região autónoma.

A decisão "reflete as preocupações sobre a má governança e gestão da região, bem como sobre a sua fraca execução orçamental", aponta o comunicado da agência de notação financeira, que não esquece o facto de a equipa de Jardim ter “encoberto” a dimensão do buraco orçamental com que o arquipélago se defrontava: "A Madeira falhou ao reportar cerca de 1,2 mil milhões de euros (aproximadamente 130 por cento das receitas anuais da região) em responsabilidades comerciais ao longo dos últimos anos. Dada a magnitude das quantias encobertas, acreditamos que a Madeira vai continuar a viver pressões orçamentais por algum tempo, uma vez que absorver essas responsabilidades nos seus orçamentos deverá levar vários anos".

Foi contudo uma apreciação que não impediu Alberto João Jardim de falar dos problemas financeiros da Madeira como “uma coisinha de nada”.

Na entrevista que concedeu à RTP enquanto cabeça-de-lista do PSD às eleições regionais de 9 de outubro, Jardim admitiu que o montante total da dívida da Madeira deve situar-se nos 5 mil milhões de euros, para deixar a promessa de que o seu secretário regional do Plano e Finanças apresentará nos próximos dias "isso tudo e onde o dinheiro foi gasto, para ficar tudo clarinho antes das eleições".

O também presidente do governo regional exigiu ainda que a dívida regional seja "tratada nas mesmas condições que a dívida do País" e aproveitou para voltar a refutar que tenha escondido o buraco madeirense: para Jardim, não passa de uma mentira ampliada pela comunicação social.

"Não houve ocultação, porque quando ficou pronto foi entregue. Não há ocultação, porque os senhores, pela boca do secretário regional do Plano e Finanças, vão saber o volume total que está a acabar de ser apurado, antes mesmo de Bruxelas ter o volume total de divida, tudo, desde o cesto dos papéis, da Empresa de Eletricidade, tudo", garantiu. (RTP)

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